sexta-feira, 9 de março de 2012

Hiperplasia Fibrosa Inflamatória

                                             
          A hiperplasia fibrosa inflamatória caracteriza-se por um aumento do volume tecidual, em decorrência de traumas mecânicos crônicos no local, sendo que a grande maioria deve-se ao fato dos pacientes apresentarem próteses mal adaptadas. É encontrada mais freqüentemente no sulco gengivo labial e bucal, apresentando como uma massa hiperplásica de coloração normal, consistência firme e geralmente assintomática. O tratamento consiste na ressecção cirúrgica com  exame microscópico do tecido excisado. A dentadura deve ser refeita ou corrigida para prevenir a recorrência da lesão.
          A Hiperplasia fibrosa inflamatória, também chamada de Epúlide fissurada apresenta-se como um aumento volumétrico nodular com caráter fibroso devido à elevação no número de células da área. É semelhante a tumor do tecido conjuntivo fibroso. Desenvolve-se em associação com fatores irritantes crônicos de baixa intensidade como traumas mecânicos constantes provocados por próteses mal ajustadas, câmara de sucção (artifício usado para obter maior fixação da dentadura), dentes fraturados ou restos dentários sobre a mucosa bucal.
        O tamanho das lesões pode variar desde hiperplasias localizadas com menos de um centímetro de diâmetro, a lesões que envolvem a maior parte do comprimento do vestíbulo (fundo de sulco). Apresenta consistência firme, formas variadas, coloração semelhante ao tecido original, sendo geralmente assintomática, onde esses fatores podem variar dependendo da intensidade da irritação ou do tempo de evolução da lesão. Apresenta base séssil e em algumas ocasiões aparecem várias formações agrupadas com aspecto pregueado. 
             Ocorre mais freqüentemente na idade adulta (entre 41 e 50 anos), e com predileção pelo sexo feminino e raça branca. A maioria dos estudos mostra que 2/3 a 3/4 dos casos submetidos a biópsia ocorrem em mulheres, onde várias teorias tentam explicar esse predomínio sendo algumas delas o fato de que as mulheres usam mais próteses do que os homens, procuram tratamento odontológico mais freqüentemente permitindo a detecção da lesão, mais ainda que mudanças hormonais pós menopausa podem tornar a mucosa de recobrimento mais susceptível a uma reação hiperplásica. Ao exame microscópico notamos a ocorrência freqüente de múltiplas pregas e ranhuras onde a dentadura traumatiza o tecido. É comum o epitélio de recobrimento estar hiperceratótico e demonstrar hiperplasia irregular das papilas. 
                                         
           Áreas focais de ulceração não são incomuns, especialmente nas bases das fissuras entre as pregas havendo a presença de um infiltrado inflamatório crônico. O diagnóstico é facilitado pela existência de bordas sobrestendida na prótese. Segundo alguns autores não há correlação entre hiperplasia fibrosa inflamatória e outras doenças sistêmicas. Quanto ao tratamento o primeiro passo é afastar o fator etiológico, ou seja, impedir o uso de prótese e aguardar de 7 a 15 dias para reavaliação e verificar se houve diminuição do volume da mesma, pela redução do componente inflamatório. Lesões pequenas podem regredir quando a prótese é ajustada e a massa for predominantemente hemangiomatosas. Lesões maiores requerem além do ajustamento da prótese, a ressecção cirúrgica e exame histopatológico, embora raramente haja evolução para forma tumoral, isso pode ocorrer devido principalmente a persistência do fator etiológico.
           Após a remoção cirúrgica faz-se a sutura ou proteção da área com cimento cirúrgico ou ainda utilizar pastas para moldagem na própria prótese do paciente. O prognóstico é favorável, porém se a prótese não for ajustada ou refeita haverá risco de reincidência.
       É importante que todo paciente portador de prótese móvel submeta-se a controle odontológico anualmente e receba orientações quanto a remoção da prótese durante a noite, bem como orientações de como higienizá-la adequadamente para prevenir afecções desta natureza na cavidade bucal.
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Bibliografia
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TOMMASI, A. F. Diagnóstico em Patologia Bucal. 2ª. Reimpressão, Artes médicas, 1988. P.205-206.