sexta-feira, 20 de julho de 2012

Síndrome de Eagle

               O processo estilóide é uma projeção óssea fina que se origina na porção do osso temporal, medial e anteriormente ao forame estilóide, conectado ao corno inferior do osso hióide pelo ligamento estilóide. Primeiramente descrito por Eagle em 1937, o alongamento do processo estilóide ou a calcificação do ligamento estilóide ou estilomandibular foi considerado, pelo autor, de ocorrência incomum. Quando o alongamento está acompanhado de sintomas, caracteriza-se como Síndrome de Eagle. Os sintomas mais comuns, não patognomônicos, são dor craniofacial e cervical podendo assim ser confundidos com uma variedade de doenças da orofaringe e maxilofaciais.
            Os primeiros estudos do processo estilóide datam de antes do século XVI, porém Eagle, entre 1937 e 1949, estudando 200 casos, detalhou os sintomas da mineralização do complexo do ligamento estiloióideo/estilomandibular, que mais tarde caracterizaria uma síndrome com seu nome.
Embriologicamente acredita-se que o processo estilóide, como o osso hióide e seus ligamentos, sejam derivados do segundo arco branquial, sendo que, uma zona de cartilagem persistente ficaria retida, apresentando potencial de crescimento e maturação óssea tardios.
         

 
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         A Síndrome de Eagle tem sido associada a uma variedade de sintomas, destacando-se a dor, usualmente unilateral, referida para a garganta, língua, olhos, terço médio da face, ATM e ouvido. A dor pode ser contínua ou intermitente, sendo freqüentemente descrita como surda e, mais raramente neurálgica. Os sintomas parafaríngeos incluem sensação de corpo estranho, disfagia, dificuldade de abertura bucal, dificuldade de fonação, sensação de queimação, inchaço de língua, parestesia, sialorréia, odontalgia e dificuldade de movimentar a cabeça. Sintomas auditivos como surdez e zumbido podem estar presentes, além de distúrbios visuais.
          O comprimento normal do processo estilóide é de 2,5 a 3 cm. Excedendo isso, é considerado alongado. Processos estilóides alongados e/ou a ossificação dos ligamentos estilomandibular ou estiloióide foram encontrados em 30% de um grupo de 1135 pacientes estudados por KEUR (1986), confirmando o consenso na literatura de que esse é um achado radiográfico comum.
A etiologia é desconhecida, apesar de uma história de trauma ser descrita por muitos autores, inclusive Eagle. A maioria dos casos ocorre em mulheres com idade acima de 30 anos. O diagnóstico dessa condição
requer conhecimento, cuidado e valorização da sintomatologia aparentemente inespecífica. A estilalgia é confirmada pela palpação da fossa tonsilar, infiltração local de anestésico e radiografia.
            O tratamento se dá por excisão cirúrgica intra ou extrabucal ou por terapia conservadora, apenas para alívio da dor, utilizando-se analgésicos, corticosteróides, e relaxantes musculares. Embora Eagle sugerisse tonsilectomia como a causa do evento, relacionando o sintoma dor à cicatriz da fossa tonsilar, FRITZ (1940) avaliando 43 pacientes com sintomatologia, detectou somente 11 com história de cirurgia tonsilar. Assim, a sintomatologia poderia ser derivada da compressão do nervo glossofaríngeo ou fixação do osso hióide devido à ossificação do ligamento, causando disfagia. Eagle ainda descreveu uma segunda síndrome, associada com os mesmos sintomas, chamada Síndrome da Artéria Carótida, que ocorria quando as artérias carótidas interna ou externa são comprimidas pelo processo estilóide alongado. Nesse caso, a dor localiza-se na região parietal, ao redor dos olhos, podendo ocorrer, além de cefaléia, síncope ou perda visual

Referências Bibliográficas

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