segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Fibroma Ossificante

         Crescimentos localizados na gengiva são razoavelmente comuns e tipicamente representam lesões proliferativas
reacionais1,2, onde a maioria apresenta componente inflamatório decorrente de irritação local3. O fibroma ossificante periférico (FOP) é um desses crescimentos teciduais definido como hiperplasia inflamatória reativa benigna4,5.
         Lesões reacionais ou inflamatórias representam mais que 90% das biópsias gengivais6,7 e o FOP representa 9,6% dessas biópsias8. Pode ser denominado por diversas nomenclaturas, tais como: granuloma fibroblástico calcificante, fibroma odontogênico periférico, fibroma cementificante periférico, epúlide
fibrosa ossificante e fibroma periférico com calcificação9 .
         Seu aspecto clínico mais comumente encontrado é de um aumento de volume bem delimitado, apresentando superfície lisa ou ulcerada, usualmente com coloração A característica histopatológica marcante e que difere o
         FOP de outras lesões fibrosas é a presença de tecido ósseo. A patogênese desta lesão permanece incerta, mas é freqüentemente associada com cálculos, placa dental, aparelho ortodôntico,
destruição de coroas, restaurações traumatizantes, além de forças mastigatórias e impacção de alimentos11. O tratamento é cirúrgico, sendo imprescindível sua completa remoção, incluindo o periósteo envolvido para se evitar recidiva12
        O FOP geralmente apresenta crescimento lento, que raramente atinge 3 cm de diâmetro, ocorrendo exclusivamente na gengiva13, sendo 50% dos casos em região anterior da maxila10 e maior prevalência para indivíduos do sexo feminino com cerca de 25 a 35 anos14
Na literatura analisada sobre o assunto, foram encontrados apenas dois casos de maior extensão, um com 6 cm de diâmetro, na região de rebordo alveolar anterior de mandíbula e outro com 9 cm de diâmetro na região de palato10
       Clinicamente, apresenta-se como uma massa gengival firme de coloração rósea com alguns pontos avermelhados, a implantação pode ser séssil ou pedunculada15-16, de superfície intacta ou ulcerada17-18, com crescimento predominantemente exofítico e consistência fibrosa19. Radiograficamente podem
exibir áreas de difusas calcificações radiopacas, porém muitas lesões não exibem este aspecto radiográfico20
        Sua patogênese é incerta, porém por causa de suas similaridades clínica e histopatológica com o granuloma piogênico, acredita-se que alguns casos iniciem como um granuloma piogênico que sofra maturação fibrosa e calcificação. No entanto nem todos os casos desenvolvem-se desta maneira15.
      Histologicamente, o FOP pode exibir epitélio intacto ou estratificado ulcerado escamoso21. O componente fibroblástico profundo é muito celular com áreas centrais de calcificações. O tecido mineralizado geralmente é constituído por osso e material cementóide13.Usualmente os dentes não são afetados, contudo em alguns casos as unidades dentárias adjacentes podem estar deslocadas e amolecidas.
        O FOP tem uma taxa relativamente alta de recidiva, em torno de 20%13-22, porém para minimizar esta tendência é importante a remoção completa da lesão, incluindo o periósteo envolvido e o ligamento periodontal12. Além disso, os dentes envolvidos devem ser raspados, para eliminar possíveis irritações. O acompanhamento se torna imprescindível. Até o momento nenhum sinal de recidiva foi apresentado e a mucosa palatal apresenta-se intacta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Bhaskar SN, Levin MP. Histopathology of the human gingiva
(study based on 1269 biopsies). J Periodontol 1973;44:3-17.
2. Van der Waal I. Non-plaque related periodontal lesions. An
overview of some common and uncommon lesions. J. Clin.
Periodontol 1991; 18:436-440.
3. Birman EG, Gonçalves FA. Aumentos teciduais. In: Kignel S.
Diagnóstico Bucal. Ao Paulo, Robe 1997; 203-35.
4. Rojas BV. Fibroma cemento – osificante periferico: Caso clínico
y revisión de la literatura. Rev Fac Odont Univ Valparaíso.v.2,
n.1, p. 48-52, 1997.
5. Kendrick F, Waggoner WF. Managing a peripheral ossifying
fibroma. Journal Dentistry Children, v.2, n.63, p. 135-138,
Mar/Apr., 1996.
6. Bhaskar SN, Levin MP. Histopathology of the human gingiva
(study based on 1269 biopsies). J Periodontol 1973;44:3-17.
7. Stablein MJ, Silverglade LB. Comparative analysis of biopsy
speciens from gingiva ond alveolar mucosa. J Periodontol
1985;56:671-676.
8. Layfield LL, Shopper TP, Weir JC. A diagnostic survey of biopsied
gingival lesions. J Dent Hyg 1995;69:175-179.
9. Bhaskar SN, Jacoway JR. Peripheral fibroma and peripheral
fibroma with a calcification: Report of 376 cases. J. Am Dent
Assoc. 1966, 73:1312-1320