A
hiperplasia fibrosa inflamatória caracteriza-se por um aumento do volume tecidual,
em decorrência de traumas mecânicos crônicos no local, sendo que a grande
maioria deve-se ao fato dos pacientes apresentarem próteses mal adaptadas.
É encontrada mais freqüentemente no sulco gengivo labial e bucal, apresentando
como uma massa hiperplásica de coloração normal, consistência firme e geralmente
assintomática. O tratamento consiste na ressecção cirúrgica com
exame microscópico do tecido excisado. A dentadura deve ser refeita
ou corrigida para prevenir a recorrência da lesão.
A
Hiperplasia fibrosa inflamatória, também chamada de Epúlide fissurada apresenta-se
como um aumento volumétrico nodular com caráter fibroso devido à elevação
no número de células da área. É semelhante a tumor do tecido conjuntivo fibroso.
Desenvolve-se em associação com fatores irritantes crônicos de baixa intensidade
como traumas mecânicos constantes provocados por próteses mal ajustadas, câmara
de sucção (artifício usado para obter maior fixação da dentadura), dentes
fraturados ou restos dentários sobre a mucosa bucal.
O
tamanho das lesões pode variar desde hiperplasias localizadas com menos de
um centímetro de diâmetro, a lesões que envolvem a maior parte do comprimento
do vestíbulo (fundo de sulco). Apresenta consistência firme, formas variadas,
coloração semelhante ao tecido original, sendo geralmente assintomática, onde
esses fatores podem variar dependendo da intensidade da irritação ou do tempo
de evolução da lesão. Apresenta base séssil e em algumas ocasiões aparecem
várias formações agrupadas com aspecto pregueado.
Ocorre mais freqüentemente
na idade adulta (entre 41 e 50 anos), e com predileção pelo sexo feminino
e raça branca. A maioria dos estudos mostra que 2/3 a 3/4 dos casos submetidos
a biópsia ocorrem em mulheres, onde várias teorias tentam explicar esse predomínio
sendo algumas delas o fato de que as mulheres usam mais próteses do que os
homens, procuram tratamento odontológico mais freqüentemente permitindo a
detecção da lesão, mais ainda que mudanças hormonais pós menopausa podem tornar
a mucosa de recobrimento mais susceptível a uma reação hiperplásica. Ao exame
microscópico notamos a ocorrência freqüente de múltiplas pregas e ranhuras
onde a dentadura traumatiza o tecido. É comum o epitélio de recobrimento estar
hiperceratótico e demonstrar hiperplasia irregular das papilas.
Áreas focais
de ulceração não são incomuns, especialmente nas bases das fissuras entre
as pregas havendo a presença de um infiltrado inflamatório crônico. O diagnóstico
é facilitado pela existência de bordas sobrestendida na prótese. Segundo alguns
autores não há correlação entre hiperplasia fibrosa inflamatória e outras
doenças sistêmicas. Quanto ao tratamento o primeiro passo é afastar o fator
etiológico, ou seja, impedir o uso de prótese e aguardar de 7 a 15 dias para
reavaliação e verificar se houve diminuição do volume da mesma, pela redução
do componente inflamatório. Lesões pequenas podem regredir quando a prótese
é ajustada e a massa for predominantemente hemangiomatosas. Lesões maiores
requerem além do ajustamento da prótese, a ressecção cirúrgica e exame histopatológico,
embora raramente haja evolução para forma tumoral, isso pode ocorrer devido
principalmente a persistência do fator etiológico.
Após
a remoção cirúrgica faz-se a sutura ou proteção da área com cimento cirúrgico
ou ainda utilizar pastas para moldagem na própria prótese do paciente. O prognóstico
é favorável, porém se a prótese não for ajustada ou refeita haverá risco de
reincidência.
É
importante que todo paciente portador de prótese móvel submeta-se a controle
odontológico anualmente e receba orientações quanto a remoção da prótese durante
a noite, bem como orientações de como higienizá-la adequadamente para prevenir
afecções desta natureza na cavidade bucal.
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Bibliografia
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