As Fendas Orofaciais são deformidades
congênitas caracterizadas pela interrupção na continuidade dos tecidos
do lábio superior, rebordo alveolar superior e palato, de forma parcial
para cada um destes elementos ou, de maneira mais abrangente, quando
mais de um ou mesmo todos estes segmentos do terço médio da face se
apresentam comprometidos. Podem ainda ser unilaterais, bilaterais, ou
medianas. Existem fissuras de lábio inferior envolvendo até mesmo a
mandíbula, porém, são bem mais raras que as fissuras de lábio-palato.
Nota-se a existência de aspectos multifatoriais concomitantes, tais
como, hereditariedade, carência alimentar, influências psicológicas,
doenças infecciosas, idade avançada dos genitores, drogas, radiação
ionizante, diabetes materna e fumo. Poucos defeitos têm, para família o
impacto emocional de ver a criança facialmente desfigurada, soma-se a
isso a deficiência funcional avançada da fala, mastigação e deglutição.
Há uma prevalência aumentada de malformações congênitas associadas, bem
como deficiência de aprendizagem secundária à deficiência da audição.
(21)
Tentativas de se corrigir o defeito, pela localização compromete
seriamente a estética facial. A primeira descrição documentada de
sucesso na correção de fissura de lábio foi feita por um cirurgião
flamengo, chamado Yeperman (1295-1351). No entanto as primeiras
referências cirúrgicas para correção de fenda palatina, ocorreram no
século XIX com destaque para os trabalhos de Graefe (1816) e Roux
(1819), para reparo de palato mole e Diffenbach (1826) para reparo de
palato duro. (13)
A partir do pioneirismo desses cirurgiões, surgiram novas
oportunidades para outros profissionais da área de saúde pesquisarem e
desenvolverem novas técnicas no tratamento de fissuras lábio- palatinas
que objetivassem cada vez mais uma melhor recuperação funcional e
estética para o paciente. Vale ressaltar que nem todas as propostas de
cirurgia apresentadas são válidas.
Embriologia da face
O desenvolvimento inicial da face é dominado pela proliferação e
migração do ectomêsenquima envolvido na formação das cavidades nasais
primitivaas. Em torno do 28º dia de vida intrauterina, espessamentos
localizados desenvolvem-se no ectoderma da proeminência frontal em
posição rostral à abertura do estomódio. Tais espessamentos são
placóides olfatórios. Uma rápida proliferação do mesênquima subjacente
ocorre em torno das saliências dos placóides na proeminência frontal
anterior, produzindo, também, uma saliência em forma de ferradura, que
transforma o placóide olfatório em uma fosseta nasal. O braço lateral de
cada ferradura é chamado processo nasal lateral, e o braço medial
processo nasal medial. Entre os dois processos nasais, encontra-se uma
nova área formada por uma depressão, denominada processo frontonasal. Os
processos nasais mediais dos dois lados, junto com o processo
frontonasal, formam a porção média do nariz, porção média do lábio
superior, porção anterior da maxila e palato primário.
Os processos maxilares crescem medialmente e se aproximam dos
processos nasais medial e lateral, porem permanecem separados deles por
nítidos sulco. O crescimento medial do processo maxilar empurra o
processo nasal medial em direção a linha média, onde se funde com a sua
contraparte anatômica do lado oposto, eliminando o processo frontonasal.
Dessa forma, o lábio superior é formado a partir dos processos
maxilares e processos nasais mediais, ocorrendo fusão entre a extensão
anterior do processo maxilar e a face lateral do processo nasal medial. O
lábio inferior é formado pela fusão dos processos mandibulares. A fusão
dos dois processos nasais mediais resulta na formação de parte da
maxila, que contem os dentes incisivos e o palato primário, assim como
parte dos lábio.
Um tipo incomum de fusão ocorre entre o processo maxilar e o processo
nasal lateral. Como a maioria dos outros processos associados ao
desenvolvimento facial, os processos maxilares e nasais laterais são,
inicialmente, separados por um sulco profundo. O epitélio do assoalho do
sulco entre eles formam um núcleo sólido que se separa da superfície e,
finalmente, da origem a um canal, para formar o ducto nasolacrimal.
Após o ducto tornar-se separado os dois processos fundem-se em
decorrência da proliferação do mesênquima.
As fendas possuem diferentes causas. As fendas do lábio e da maxila
anterior resultam de um desenvolvimento imperfeito do palato embrionário
primário. Freqüentemente, quando essas fendas ocorrem, a deformação do
desenvolvimento facial impede o contato das cristas palatinas, quando
elas giram para a posição horizontal, de tal forma que as fendas do
palato primário são freqüentemente acompanhadas pelas do palato
secundário (duro e mole).Entretanto, as fendas palatinas podem resultar
de: falhas das cristas palatinas de se contatarem por causa de uma falha
de crescimento ou de um distúrbio no mecanismo de elevação das cristas;
falha das cristas em se fundirem após o contato ter sido estabelecido
devido ao fato de o epitélio de revestimento não se romper ou não ser
reabsorvido; ruptura após ter ocorrido a fusão das cristas; fusão e
consolidação defeituosa do mesênquima das cristas palatinas. (14)
Etiologia e patogenia
Não há um fator específico que possa ser responsável pelas fendas
labiais e palatinas. Porem, há um conjunto de aspectos que são
co-responsaveis pela alteração embriogênica nos dois primeiros meses de
gestação.
1. genes mutantes: pode ser a explicação para a ocorrência dessas
deformidades associadas a outras síndromes raras, principalmente
envolvendo alterações congênitas dos membros.
2. aberrações cromossômicas: quando ocorrem associadas a síndromes como a D-trissomia.
3. agentes teratogênicos: moléstias, medicamentos, estresse, quando
agindo em um embrião predisposto geneticamente, seriam responsáveis por
uma pequena proporção dos casos.
4. herança multifatorial: a maior parte dos casos se enquadra nesta
categoria. Haveria uma tendência familiar não obedecendo um padrão
mendeliano e não estando presentes, ou pelo menos demonstráveis, as
aberrações cromossômicas. (13)
Condições sistêmicas como diabete materna, a idade avançada dos
genitores e o fumo, também tem uma relação predisponente as fissuras
lábio palatinas. (3)
Apesar de estarem freqüentemente associadas são anomalias que
envolvem processos de desenvolvimento diferentes, que ocorrem em tempos
diversos, no período entre a 4º e a 8º semana de gestação.
Incidência
Na literatura nacional e internacional, evidenciou-se que os autores
consideram as fissuras de lábio e/ou palato, uma malformação congênita
de elevada incidência. Sendo a hereditariedade responsável por 25% a 30%
dos casos de fissuras de lábio e/ou palato e cerca de 70% a 80% dos
casos são considerados de etiologia multifatorial. Essas são
consideradas como a segunda malformação mais comum na população. No
Brasil, ainda não é possível saber o número exato de fissurados,
estima-se existirem cerca de 180.000 portadores, sendo a ocorrência da
ordem de um para cada 650 nascimentos, e a mortalidade no primeiro ano
de vida em torno de 35% (20), (11).
Em relação ao tipo de fissura os estudos de Fogh-Andersen (1942) apresentam:
- 25% – fissuras de lábio isoladamente, 80% unilateral , 20% bilatera
- 50% – fissuras lábiopalatinas
- 25% – fissuras de palato isolado
Esses mesmos estudos, confirmados por outros autores, mostram
preferência pelo lado esquerdo nas fissuras labiais, predominância pelo
sexo masculino nas fissuras lábiopalatinas e pelo feminino nas fissuras
isoladas de palato.(13). A incidência global de fendas labiais é de
aproximadamente 1 em 700 nascidos vivos. Esse índice parece estar
lentamente crescente, possivelmente por causa dos cuidados neonatais
melhorados das crianças sindrômicas mais gravemente afetadas. 85% dos
lábios leporinos ocorrem isoladamente e 15% possuem associação
sindrômica, significando que eles estão associados com outras
deformidades congênitas ou com conhecidas aberrações genéticas. Existem
mais de 200 síndromes conhecidas associadas com essas fendas. Uma das
mais importantes é a síndrome de Von der Woude, que se apresenta como um
lábio leporino com buracos labiais. Sua importância está na modalidade
de transmissão. Essa síndrome apresenta transmissão autossômica
dominante, e a descendência do individuo afetado tem probabilidade de
50% de ser acometido. (3)
A incidência de fenda palatina isolada é de aproximadamente 1 em 2000 nascidos vivos.
Neel (1958) mostra maior incidência de fissuras lábiopalatinas entra
crianças japonesas (2,1:1000), situação confirmada por Fujino (1963),
entre outros orientais. Estudos com a população negra radicada nos
Estados Unidos mostra uma menor incidência, cuja a média estaria em
torno de 0,4 para 1000 nascimentos. (13)
Classificação
Várias são as classificações utilizadas para as fissuras labiopalatinas, porém poucas têm aplicação clínica.
Classificação de Davis e Ritchie (1922), baseada na posição da fissura em relação ao processo alveolar. São três os grupos:
Grupo I – Fissura pré-alveolar, quando envolve somente o lábio. Pode ser unilateral, bilateral ou mediana.
Grupo II – Fissura pós-alveolar, comprometendo palato mole, palato mole mais palato duro ou fissura submucosa
Grupo III – Fissura alveolar, que pode ser unilateral, bilateral ou mediana.
Classificação de Veau (1931). São quatro os tipos:
Tipo I – Fissuras de palato mole.
Tipo II – Fissuras de palato duro e palato mole até o limite no forame incisivo
Tipo III – Fissuras de palato duro e palato mole até o limite no
forame incisivo na linha média, estendendo até ao alvéolo na posição do
futuro dente incisivo lateral de um dos lados.
Tipo IV – Fissura bilateral completa. À semelhança do tipo III,
envolvendo os dois lados e mantendo uma porção mediana pré-maxila,
suspensa ao septo nasal.
Kernahan e Stark (1958) e Harkins (1962) propuseram classificações
que na sua modificação foram adotadas pela Associação Americana de
Fissura Palatina. Spina (1979) conseguiu simplificá-las da seguinte
maneira:
Grupo I: Fissuras pré-forame incisivo: Fissuras de lábio com ou sem
envolvimento alveolar. Podendo ser bilateral ou unilateral, completa ou
incompleta.
Grupo II: Fissuras transforame incisivo: são os de maior gravidade,
atingindo lábio, arcada alveolar e todo palato. Podendo ser unilateral
ou bilateral.
Grupo III: Fissuras pós forame incisivo: são fissuras palatinas, em
geral medianas, que podem situar-se apenas na úvula, palato e envolver
todo palato duro. Podendo ser completa o incompleta.
Grupo IV: Fissuras parciais raras.
Características do portador de fenda lábio palatina
As fendas lábio palatinas podem ser uma anomalia congênita isolada,
fazer parte de uma síndrome ou associação e portanto há a necessidade de
uma cuidadosa investigação em busca de outras anormalidade. (17)
Quanto a existência de anomalias associadas, 2-11% dos casos de fenda
lábio palatina tem outras anomalias congênitas, sendo 7-13%, quando há
apenas fenda labial e 13-50%, quando há fenda palatina isolada.(6)
A anomalia congênita mais comum nos casos de fenda lábio palatina é a
cardíaca. De todas as crianças portadoras, 30% apresentam cardiopatia
congênita. Se a fenda labial é unilateral, a cardiopatia ocorre em 5 %
dos casos. Se for bilateral, em 12 %. As anomalias esqueléticas
acontecem em 11 % dos casos de fenda lábio palatina e a assimetria de
orelha é observada em 21% dos casos.(8), (11)
Pode ocorrer retardo de crescimento pré e pós-natal, insuficiência
velofaringeana, atresia de esôfago, anomalias de fusão em vértebras
(15-20%), sendo 54% em cervical, anomalias olfatórias (50% em casos de
fenda palatina) e do trato urinário. Os indivíduos com fenda lábio
palatina têm uma incidência 40 vezes maior do que a da população geral
para apresentar deficiência do hormônio de crescimento (GH).(6)
Diagnóstico pré-natal , tratamento e prognóstico
O diagnóstico precoce pode ser realizado no pré-natal pela
ultra-sonografia a partir da 14º semana de gestação (6). No trabalho de
Bunduki et al. (2000) foram avaliados 40 fetos com diagnóstico pré-natal
de fenda lábio palatino, sendo 45% de fenda labial, 47.5 % de fenda
lábio palatina e 7,5% de fenda palatina. Os autores consideraram que as
fendas lábio palatinas são excelentes marcadores para malformações
associadas a aneuploidias. O caráter isolado de fenda palatina esteve
associado a um excelente prognóstico.(2)
As crianças que apresentam algum tipo de fissura lábio palatina,
devem submeter-se a um programa de recuperação multidisciplinar, pois a
complexidade maior ou menor da alteração requer um concurso de
diferentes profissionais tais como:
- Cirurgiões dentistas: especializados em cirurgia, ortodontia, prótese e odontopediatria.
- Médicos: especializados em cirurgia plástica, pediatria, otorrinolaringologia e psiquiatria.
- Outros: psicólogo, assistente social, fonoaudiólogo, nutricionista e enfermeiro.
O atendimento do fissurado pode seguir a seguinte orientação:
Do nascimento ao fim do primeiro mês:
Orientar os pais, informá-los, devidamente, quanto ao problema atual
da criança, as perspectivas futuras e ajudá-los a assumir uma atitude
sadia com relação ao problema.
- Supervisionar a saúde geral da criança.
- Planejar a cirurgia a ser executada.
Do fim do primeiro mês ao fim do primeiro ano:
- Cirurgia para fechar a fenda do lábio.
- Supervisionar a saúde geral da criança.
- Orientar os pais quanto aos cuidados a ter com a criança.
Do fim do primeiro ano até o sétimo ano
- Supervisionar a saúde geral da criança.
- Orientar a criança, buscando seu desenvolvimento psicossomático.
- Cirurgia para fechar a fenda platina.
- Prótese reparadora.
- Treinamento da fonação.
- Cuidados ortodônticos.
- Tratamento dos dentes.
Dos seis anos até a idade adulta:
- Supervisão geral da saúde. Orientação da criança e auxílio aos pais sob o aspecto psicológico.
- Cirurgia, prótese e ortodontia, sempre que o caso demandar.
- Supervisão e tratamento dentário periódico.
- Treinamento de fonação.
- Orientação vocacional, adestramento e desempenho de alguma função.(12)
Os procedimentos operatórios para palatoplastia são muito variados,
visto que cada fissura é única. Elas variam em largura extensão,
quantidade de tecidos moles e duros disponíveis e extensão do palato
(16). O objetivo geral da cirurgia é fechar o palato duro com os tecidos
moles adjacentes à fissura. Assim, descrevendo ao longo de um
procedimento operatório as variadas características da fissura a qual o
cirurgião pode-se defrontar e relacionada a estas particularidades, as
varias técnicas que ele pode estar utilizando.
O primeiro cuidado deve se garantir, em maior grau possível a
anti-sepsia do campo operatório, sendo cáries previamente obturadas e
raízes dentarias inaproveitáveis extraídas (8). O palato duro é fechado
apenas com tecido mole. Os tecidos moles são incisados ao longo da
margem da fissura e dissecados dos processos palatinos ate quês seja
possível sua aproximação sobre a fissura. Os tecidos moles que se
estendem ao redor da margem da fissura variam em qualidade e quantidade.
Alguns são atróficos e não disponíveis para uso, como ocorrem em
fissuras largas. (1)
Os tecidos moles, ao redor da fissura que forem saudáveis, prestam-se
de pronto, para dissecação da sutura. Esse procedimento precisa
freqüentemente de incisões relaxantes laterais próximas a dentição. Os
tecidos moles são então firmemente suturados sobre a fissura, e
aguardado cicatrizar. As áreas de osso exposta cicatrizam por segunda
intenção. Quando é possível, Graziane (1995) recomenda o fechamento da
fissura em duas camadas, sendo a mucosa nasal, parede lateral e áreas
septais do nariz suturadas por partes antes da sutura oral. Quando o
vômer é longo e inserido ao processo palatino oposto à fissura, o
retalho pode ser obtido dele e suturado aos tecidos palatinos do lado da
fissura, como a Técnica de Campbell-Pichler (17) Fig. 5
Na maioria dos casos de fenda lábio palatina não sindrômicos não há
comprometimento do sistema nervoso e os afetados não têm retardo mental.
A morbidade das crianças portadoras é maior decorrente da dificuldade
para se alimentar, podendo ocorrer desnutrição, anemia, pneumonia
aspirativa e infecções de repetição. Nos casos sem associação de
malformação ou complicações decorrentes das fendas o prognóstico é bom.
(17)
Cuidados odontológicos
As fendas lábio palatinas afetam o desenvolvimento dos dentes decíduo
se permanentes com freqüência. Os problemas mais comuns estão
relacionados com a ausência congênita de dentes ou presença de dentes
supranumerários. As anomalias dentárias ocorrem em 53% das crianças com
fendas. As mais freqüentes são hipodontia e hipoplasia dentária sendo as
menos freqüentes, a microdontia e os dentes geminados, porém ainda são
7% mais freqüentes do que na população em geral. (20)
A incidência de agenesia na área da fenda na dentição permanente é
maior do que a de dentes supranumerários e na dentição decídua ocorre o
inverso, sendo o incisivo lateral o dente que é mais susceptível a danos
na área da fissura.
A cronologia de erupção está atrasada em crianças portadoras e os
distúrbios mais freqüentes atribuídos à erupção são prurido, salivação
abundante, aumento da freqüência de sucção e irritabilidade.
Os indivíduos com fissuras, principalmente do palato apresentam
discrepâncias entre o tamanho, formato e posição dos maxilares. Um
achado comum é o prognatismo mandibular, causado mais pela retração da
maxila do que pela protusão da mandíbula.
Dentre as doenças bucais mais prevalentes encontradas nas crianças
com fendas as maloclusões estão presentes em mais de 86% dos casos de
fissuras, sendo mais freqüente a mordida cruzada (75% dos casos). A
prevalência e a atividade de cáries é relativamente maior, sendo os
pacientes acometidos
um grupo de risco para o desenvolvimento de cáries(1).
Uma higiene bucal deficiente aumenta o aparecimento da placa
bacteriana na superfície dos dentes. Os programas de prevenção de cáries
são importantes para garantir a saúde bucal desses pacientes.
Ao nascer as crianças devem ser encaminhadas aos ortodontistas para
que estes possam programar o tratamento adequado, já que a variação de
expressão da doença é muito grande e o tratamento ortodôntico é
individualizado(17).
Discussão
Segundo a literatura pesquisada, não há um único fator responsável
pelo desenvolvimento das fendas. Existem condições de risco, bem como a
predisposição genética nos casos não sindrômicos e fatores
ambientais(fumo, álcool, medicamento, desnutrição e etc). (17)
As fendas labiais e palatinas são conseqüência de falha na fusão dos
processos osseos da face porém, ocorrem em locais e em cronologias
diferentes. A primeira resulta do desenvolvimento imperfeito do palato
embrionário primário, já a segunda da falha das cristas palatinas em se
contactarem. (14)
Devido a grande variedade de combinações foram desenvolvidas, ao
longo dos anos, classificações com o objetivo de descrevê-las entre elas
a de Davis e Ritchie, Kernahan e Stark, Harkins porém, a de Spina é a
mais adotada desde sua concepção em 1979.(13)
A diversificação das fendas faz com que o mesmo aconteça em relação
as técnicas cirúrgicas corretivas. Independente disso, para se obter
sucesso do tratamento é necessário um acompanhamento multidisciplinar
que garanta o restabelecimento funcional estético e psicológico do
paciente. (12)
Conclusão
É possível afirmar que as fendas labiais e palatinas podem estar
associadas ou isoladas e que possuem características clinicas e
etiológicas distintas. Ainda não é possível apontar um fator específico
que promova a falha na fusão dos processos ósseos, porém, existem
situações que potencializam a ocorrência da má formação congênita. Em
relação à classificação, muitas se desenvolveram ao longo dos anos, mas a
mais utilizada é a de Spina por possuir uma denotação mais simples e ao
mesmo tempo abrangente.
O tratamento deve ser realizado por uma equipe de diferentes
profissionais: médicos, dentistas, fonoaudiólogos, nutricionistas e
psicólogos que atuarão em conjunto. A família deverá ter o
esclarecimento necessário para lidar com a situação visto que,
dependendo do grau de severidade as fendas promovem um grande impacto
visual. O prognóstico é considerado bom, nos casos em que não há mal
formações associadas nem complicações decorrentes das fendas labiais e
palatinas.
A prevenção ainda não é uma realidade, uma vez que, é uma doença
multifatorial, mas os avanços da medicina já permitem o diagnóstico
precoce.
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Publicado em 17/5/2007
Fonte www.cispre.com.br