A actinomicose é uma infecção
crónica causada principalmente pelo Actinomyces israelii, uma
bactéria que pode estar presente nas gengivas, nos dentes e nas amígdalas.
Esta infecção faz com que se
formem abcessos em vários sítios. Apresenta quatro variedades e,
geralmente, afecta os homens adultos. Ocasionalmente a actinomicose pode
atingir as mulheres que usam um dispositivo intra-uterino (DIU) como método
anticoncepcional.
A forma abdominal verifica-se ao engolir
secreções bucais contaminadas por estas bactérias. A infecção
afecta os intestinos e o revestimento da cavidade abdominal (peritoneu).
Os sintomas mais frequentes são dor, febre, vómitos, diarreia ou
obstipação e uma perda acentuada de peso. No abdómen forma-se
uma massa e é possível que o pus drene para a pele através
de fístulas que ligam a referida massa com a parede abdominal.
A forma cervicofacial (por vezes chamada
mandíbula em grumos) costuma começar por uma pequena elevação,
plana e dura, que se forma na boca, sobre a pele do pescoço ou por baixo
do maxilar inferior. Esta saliência pode causar dor. Posteriormente,
formam-se áreas moles de onde sai um líquido cheio de pequenos
grânulos irregulares e amarelados selhantes a enxofre. A infecção
pode propagar-se para a bochecha, a língua, a garganta, as glândulas
salivares, os ossos do crânio ou o cérebro e o seu revestimento
(meninges).
A forma torácica provoca dor no
peito, febre e tosse com expectoração. No entanto, estes sintomas
podem não surgir antes de os pulmões estarem gravemente afectados.
Criam-se então trajectos fistulosos que podem chegar a perfurar a parede
do peito, o que permite que o pus saia através da pele.
Na forma generalizada, a infecção
presente no sangue chega à pele, às vértebras da coluna, ao
cérebro, ao fígado, aos rins, aos ureteres e, nas mulheres, ao útero
e ovários.
Diagnóstico
Os
sintomas, os resultados das radiografias e o isolamento da bactéria Actinomyces israelii nas
amostras de pus, expectoração ou tecido ajudam o médico a estabelecer
o diagnóstico. Em algumas infecções intestinais, não é possível
obter uma amostra, pelo que é necessário recorrer à cirurgia
para estabelecer o diagnóstico.
Prognóstico
e tratamento
A «mandíbula em grumos» é a
forma de actinomicose mais fácil de tratar. O prognóstico é pior
nas formas torácica, abdominal e generalizada. Todavia, é muito
pior nos casos em que sejam atingidos o cérebro e a espinal medula;
mais de 50 % dos afectados por estas infecções apresentam lesões
neurológicas e mais de 25 % morrem.
Os doentes, em geral, melhoram lentamente
com o tratamento, mas é habitualmente necessário administrar antibióticos
durante meses e levar a cabo várias intervenções cirúrgicas.
A drenagem cirúrgica dos abcessos de grande dimensão e o tratamento
antibiótico com penicilina ou tetraciclinas podem ter de ser mantidos
durante várias semanas após terem desaparecido os sintomas.